Preconceito linguístico: a minha, a sua a nossa língua
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Preconceito linguístico: a minha, a sua a nossa língua

Data da publicação: 15/02/2023

Pouca gente conhece ou fala dele, mas aposto que você irá reconhecer algumas de suas características. Assim como quaisquer outras formas de discriminação, como homofobia, misoginia e racismo, precisamos falar sobre preconceito linguístico – e combatê-lo em nossos discursos.

Muitas empresas possuem operações por todo o país. Com isso, a movimentação de colaboradores entre regiões é esperada. Mas o que acontece quando o seu modo de se comunicar ou o seu sotaque se tornam barreiras com seus colegas de trabalho?

Entendendo o preconceito linguístico

Sendo brasileiros, falamos todos a mesma língua, correto? Um gaúcho é perfeitamente capaz de conduzir uma comunicação com sucesso com um maranhense partilhando da mesma língua materna. Não é bem assim.

Sendo um país de dimensões continentais, possuímos o mesmo idioma – Português – como língua oficial. Porém, cada região desenvolveu característica linguísticas, que chamamos de Variantes. Ou seja, cada região possui contextos diferentes, que exigirão uma comunicação voltada a cada necessidade de um povo.

Mas não é só a região que importa.

Será que um morador de Higienópolis, um bairro nobre de São Paulo, fala igual a um morador de Itaquera, mais próximo da periferia da cidade? Um menino de 6 anos fala igual um homem de 40? Um agricultor fala igual um Advogado? Você fala com sua mãe igual fala com seu filho pequeno?

Tudo isso são variantes! Elas são inúmeras, e ao mesmo tempo únicas.

Como o preconceito linguístico se manifesta?

O preconceito linguístico se manifesta quando um praticante de uma certa variante diminui ou inferioriza um falante de outra variante. Essa discriminação pode acontecer por sua origem, condição social, grau de instrução, dificuldade de se comunicar verbalmente. Ou seja, está sempre acompanhado de alguma discriminação racial, social, gênero, credo ou regional.

Nesse sentido, um serviço como o Canal de Denúncias lidará sempre com falantes de diversas variantes. Nele, todos os relatos precisarão receber a mesma atenção, cuidado e compreensão de um atendente que fala com pessoas de diferentes contextos e bagagens linguísticas.

Entenda situações que devemos evitar para manter uma comunicação aberta e respeitosa:

  • Achar que a norma-padrão precisa ser usada em todos os contextos de comunicação.
  • Dizer que não entendeu o posicionamento de alguém porque essa pessoa não usou a norma-padrão para se comunicar.
  • Usar expressões como “isso dói em meus olhos/ouvidos” para se referir à forma como alguém se expressa.
  • Rir e debochar do sotaque de outras pessoas ou de expressões que elas falam.
  • Ser condescendente, ou seja, tratar o outro como inferior porque não se expressa em norma-padrão.
  • Corrigir as pessoas a sua volta.
  • Acreditar que um sotaque é “melhor” ou “mais bonito” que outro.
  • Não dar importância aos argumentos de uma pessoa porque ela “fala errado”.

Por fim, lembre-se que antes de julgar a forma de outra pessoa se expressar, que você também pratica alguma variante que precisa ser respeitada e que acima de quaisquer formalidades, o que importa é compreender o que o outro quer te dizer.

Veja também: O que é um ambiente de trabalho tóxico?


*Camila Escarabello é Analista Sênior de Operações da Áliant. Linguista formada em Letras e atuante na área de Canal de Denúncias.

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