Uma coisa une todos os gestores do mundo: a tomada de decisão. Não importa o ramo ou a localidade, as escolhas realizadas durante o exercício da gestão impactam as vidas dos colaboradores e são as responsáveis por ditarem o sucesso (ou fracasso) do empreendimento. O uso de dados, como a Open Source Intelligence, pode ajudar a evitar essas situações.
Embora seja consenso a inexistência de uma ferramenta capaz de eliminar a totalidade dos riscos, a OSINT deve ser citada como poderosa aliada nesse processo.
O que é OSINT?
Open Source Intelligence (OSINT) ou Inteligência em Fontes Abertas, pode ser definida como uma atividade de inteligência que visa a produção de conhecimento com base em dados abertos, devidamente selecionados e avaliados, expostos de modo útil a auxiliar em um poder decisório¹.
Dessa análise, dois conceitos demandam uma análise mais aprofundada: fonte e inteligência.
De um lado, fonte pode ser definida como sendo a origem do dado ou da informação que seja do interesse do investigador, e é classificada de dois modos: abertas, sendo aquelas de livre acesso, sem obstáculos à obtenção de dados e conhecimento; e fechadas, como sendo aquelas nos quais os dados são protegidos (que possuem credencial para acesso) ou negados (“que necessita de uma operação de busca para sua obtenção”)².
Porém, apenas o dado não é o suficiente para que se atinja o escopo pretendido. Deve-se, após obtê-lo, realizar a sua organização e combinação com outros dados que corroborem ou refutem a hipótese inicial da pesquisa (que já deve estar delimitada). A esse processo dá-se o nome de inteligência.
OSINT aplicada aos negócios
Rotineiramente associada aos órgãos estatais (até sendo tema de filmes de espionagem), a OSINT ganha destaca num contexto de conectividade comum à Gestão 4.0. Com a produção massiva de dados digitais oriundas do próprio usuário ou da interação dele com o mundo, criou-se um vasto material para ser analisado em diferentes cenários.
Exemplo clássico é a contratação de colaboradores. Todo o setor de Recrutamento e Seleção realiza o trabalho para que a empresa conte com o corpo profissional de maior qualificação possível, contudo, uma análise via OSINT pode indicar imprecisões no currículo, má conduta no ambiente de trabalho ou até mesmo questões cíveis e criminais.
No mesmo sentido ocorre com fusões e aquisições. Cada dia mais comuns com startups e empresas de diversos ramos, a compra de um negócio envolve elementos de complexidade que demandam, além de uma análise interna, a obtenção de informações públicas, afim de evitar um passivo judicial como herança de um negócio bem sucedido.
A cada dia que passa a tomada de decisão estratégica dependente de inteligência em fontes abertas. Ao contrário do ditado tributário de que “o dinheiro não tem cheiro”, é possível verificar a existência de indícios sobre atividades de lavagem de dinheiro, blindagem patrimonial e evolução material suspeita. Referidas condutas que a empresa, mesmo desconhecendo, pode ser penalizada se comprovada a sua omissão.
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¹ DOS PASSOS, D. S. Big Data, Data Science e seus contributos para o avanço no uso da Open Source Intelligence. Sistemas & Gestão, [S. l.], v. 11, n. 4, p. 392–396, 2017. DOI: 10.20985/1980-5160.2016.v11n4.1026. Disponível em: https://revistasg.uff.br/sg/article/view/1026. Acesso em: 14 jan. 2022.
² BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública. Brasília: Coordenadoria-Geral de Inteligência, 2010.
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