Mães são excelentes no mercado de trabalho: Entrevista com Noelle Teixeira, consultora de Inteligência Corporativa da Aliant   
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Mães são excelentes no mercado de trabalho: Entrevista com Noelle Teixeira, consultora de Inteligência Corporativa da Aliant   

Data da publicação: 12/05/2023

Em tempos pós-pandêmicos e hiperconectados, o principal ativo que companhias podem contar permanece sendo o elemento humano. Pessoas que possuem diferentes jornadas são as responsáveis pelo sucesso de uma empresa e entender o que compõe alguém é essencial para que haja uma real gestão.  

Dentro desse contexto, a experiência completamente transformadora da maternidade: seus desafios, suas recompensas e a nova forma de encarar a realidade que ela proporciona.  

Sobre isso, entrevistamos Noelle Teixeira, Consultora de Inteligência Corporativa na Aliant. Noelle iniciou sua carreira profissional em 2008 no setor de varejo, trabalhou como Pesquisadora de Tendências/Comportamento para marcas de moda e ingressou na Aliant em 2021 para atuar com Background Check e Due Diligence. Mãe do Dani e da Malu, ela também fala sobre os desafios da maternidade nos demais aspectos da vida, especialmente no mercado de trabalho. 

1. Noelle, como você acha que a maternidade pode transformar a carreira de uma mulher? 
 

“Falar de maternidade carrega muita responsabilidade sentimental. Falar de maternidade e mercado de trabalho, então, é uma fatia de universo de “maternar”, onde nós, mães, ainda sofremos muito. 

Quando uma mulher se torna mãe, simplesmente cai de paraquedas nesse universo. Uma transformação completa acontece no ser humano que ali habita, desde as minúsculas partículas do nosso corpo até as mudanças mais visíveis de atitudes

 Falar de mercado de trabalho é tocar em uma das novas dores desse ciclo. Quando uma empresa entende minimamente, na essência, o que acontece em nossas vidas e nos recebe com o devido respeito, alivia uma das dificuldades que existem durante esse momento.  

Eu digo que a maternidade transforma a carreira de uma mulher. É óbvio que ela vem com responsabilidades e que as demandas aumentam na vida daquela mulher, mas são nas oportunidades mantidas, ou ofertadas, que essas mulheres ganham força para fazer de tudo para conciliar maternidade e trabalho.” 

  • De acordo com pesquisa da WerkLabs, o impacto da maternidade é geral nas empresas. Mulheres com colegas mães relataram uma experiência de trabalho 23% mais positiva do que as que não possuem colegas mães. 

2. Quais habilidades você acha que as mães desenvolvem que podem ser valiosas no ambiente de trabalho? 

“A maternidade te potencializa, ela expande sua consciência e direciona seu olhar para a comunidade. Ali você vai ter uma mulher mais atenta, com o senso de coletividade mais aguçado, resiliência na forma pura da palavra, uma visão macro das situações na busca de soluções, a arte de desempenhar mais de uma tarefa em simultâneo com total qualidade, suportar a pressão do dia a dia. O respeito e o cuidado costumam ser inerente. São grandes características que desenvolvemos ao cuidar de nossos filhos.” 

  • Em 2021, pesquisas apontaram algumas dessas habilidades: mães-gestoras foram mais bem avaliadas pela atenção dada ao bem-estar da equipe, pela prioridade no julgamento justo e pela melhora na comunicação do time. 

3. Como a pandemia afetou sua experiência como mãe que trabalha? 

“Nossa, a pandemia… Ela foi um divisor de águas para todos. Mas, para nós mães, foi um dos maiores desafios que já vivemos. Fomos testadas para muito além do nosso limite (que já testado todo dia normalmente). Nos vimos à beira do estresse profundo por conviver com seres de idades diferentes, mas tão pequenos, lidando com um baque emocional gigantesco.

Adaptamos na marra a arte conciliar trabalho remoto com a vida cotidiana e foi um dos maiores aprendizados. Ainda estamos colhendo as consequências desse momento histórico, mas com certeza mais resistentes.” 

  • A maternidade também é positiva para a empresa: entre os elementos listados acerca das diferenças de gestão entre gestores mães e não-mães, 81% das mães-gestoras são avaliadas favoravelmente por encorajarem a colaboração e serem mais acessíveis.  

4. Em sua opinião, quais são as mudanças que as empresas poderiam fazer para facilitar para as mães trabalhadoras equilibrarem as demandas da maternidade e do trabalho? 

“Penso que o primeiro de tudo é termos mais mulheres nas empresas e em cargos decisivos/liderança. Apenas em um mercado de trabalho com mais mulheres será possível abraçar genuinamente as mães que retornam/ingressam em seus trabalhos.  

Empreguem mais mulheres, mães. 

Quando a empresa dá assistência a essas mães, a realidade se transforma, pois, se cria uma relação de confiança, adaptação e respeito entre ambas as partes. Essa potência de relação é algo que essa profissional vai valorizar como poucas coisas na vida. 

A licença maternidade precisa ser reformulada, com no mínimo 6 meses e com o entendimento de naturalização dessa pausa, conjuntamente com uma reformulação na licença paternidade, para que aquele pai, que ali nasceu junto com seu filho, possa ser parte integral desse momento, dando suporte a essa mãe. 

Oferecer horários flexíveis, fazendo com que as mães consigam exercer suas atividades maternas em períodos mais tranquilos do dia, por exemplo, ir a uma reunião escolar ou acompanhar uma consulta médica. Outras questões como: auxílio-creche e pré-escola, apoio à amamentação físico e remoto, não ser demitida por justa causa desde a confirmação da gestação até um ano pós-parto, espaços físicos nas empresas com monitoria para abrigar os filhos de mães em emergências.” 

  • Nas empresas em que o Diretor Executivo é mãe, 80% das funcionárias afirmam que a diversidade e a inclusão são uma prioridade elevada na organização, enquanto apenas 58,5% das funcionárias dizem o mesmo sobre o seu Diretor Executivo que não é mãe. 

  • No mais, as empresas que contratam mães em todos os níveis da empresa têm mais probabilidades de criar um sentimento de lealdade nos seus empregados. 35% das mulheres têm mais probabilidades de permanecer no seu atual emprego nos próximos cinco anos se tiverem colegas mães. 

5. Dizem ser preciso de uma comunidade para criar uma criança. Você pode contar com uma rede de apoio nesse desafio que é criar dois filhos em home office? Pode dar algumas dicas para mulheres que estão criando essa rede? 

“Sim, a afirmação é a mais pura verdade, porém ela não é a realidade de todas as mães. Eu tive o privilégio de ter rede de apoio, com a minha família e amigas próximas, mas a verdade é que isso é privilégio.  

Ter uma rede de apoio não é uma opção, não existe fórmula mágica, não se ensina como ter uma rede de apoio. Você tem, ou você não tem. A minha fala é um apelo a todas as empresas do mundo, sejam vocês a serem o primeiro real apoio dessas mães. Enxerguem nós mulheres com o devido respeito que merecemos e a nós, mães, como pessoas que geram pessoas – e isso é grande demais. A realidade é que nós fabricamos as próximas gerações do mercado de trabalho. Quando uma empresa não dá suporte para essas mulheres, ela está atrapalhando a construção do futuro.  

As mães vão adequar conforme a realidade de cada, vão se organizar para dar aos seus filhos, além do amor, o sustento. Por isso eu bato na tecla de que nosso profissional é muito importante, principalmente nesse momento. Valorizem as mães, deem oportunidades às mães, abracem-nas. 

Com meus dois amados filhos, enfrento quase todos os tipos de desafios da maternidade x trabalho. E estar fortalecida no meu profissional, impacta diretamente a mãe que sou. 

Dentro da minha pequenina experiência, queria deixar meu abraço apertado no coração de cada mãe da empresa e de todo esse Brasil. É difícil a nossa luta, cada uma à sua maneira, mas estamos juntas. Feliz dia das mais guerreiras do mundo. Feliz Dia das Mães!” 

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